Estética é conteúdo?
O cofundador do Studio Ghibli, sempre foi um crítico contundente do uso de IA na criação artística, tendo criticado a ausência de empatia por trás do desenvolvimento tecnológico. O surgimento dessas imagens geradas automaticamente evocou memórias de outro caso recente: o uso da voz da atriz Scarlett Johansson como inspiração para o modo avançado de voz do ChatGPT — certamente pela sua interpretação da IA, Samantha, no filme Her. O caso também ficou envolto em controvérsias sobre consentimento e propriedade.
O argumento a favor dessa prática normalmente gira em torno do fair use, a ideia de uso livre originado na legislação americana, no qual um estilo visual, por si só não está protegido por direitos autorais. Em muitos países, isso pode até ser verdade. Mas no Brasil, existe a possibilidade de defender juridicamente a originalidade de uma linguagem visual — especialmente se o artista possui um portfólio sólido e um histórico que comprove autoria. A reprodução automatizada de uma estética tão singular quanto a do Stúdio Ghibli, sem consentimento, acaba levantando essas questões.
A disponibilização de obras em portfólios, sites ou redes sociais não implica em autorização irrestrita para reutilização ou transformação. Licenciar uma imagem, por exemplo, envolve limites: onde pode ser usada, por quanto tempo, em que contexto. Expandir esse uso sem negociação, ou replicar o estilo como se fosse domínio público, ignora os direitos do criador. No contexto da IA, essa fronteira se torna mais nebulosa.
Entre o marketing e o debate
Há quem veja em polêmicas como a do Studio Ghibli mais do que conflito ético: um ruído cuidadosamente plantado como estratégia de marketing. Quanto mais atenção, mais cliques — e mais naturalizada fica a presença da IA em campos sensíveis como a criação artística.
Frases provocativas de líderes como Sam Altman, CEO da OpenAI, reforçam essa ambiguidade. Em algumas ocasiões, ele alerta que a regulamentação pode frear a inovação. Em outras, se posiciona como defensor da regulação em nome do bem comum. A dúvida permanece: o que está realmente sendo defendido — o avanço responsável ou o avanço a qualquer custo
IA como escolha coletiva
No Templo, acreditamos que a tecnologia é uma ferramenta — e que seu impacto depende das escolhas humanas. A verdadeira questão, como já afirmou a pesquisadora Timnit Gebru, não é ser contra a tecnologia, mas decidir que tipo de mundo queremos construir com ela.
Essa decisão não cabe apenas aos grandes players do setor. É um debate que precisa acontecer também dentro de empresas, agências, escolas, coletivos criativos e em toda a sociedade. Como destacou Arthur C. Clarke
“O maior perigo para o futuro não são as máquinas que pensam, mas os seres humanos que não pensam.”
Vamos pensar juntos?
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