Como empresas podem aprender novas formas de trabalho para saírem mais resilientes após a crise? Entendendo que as imprevisibilidades impuseram uma nova necessidade às organizações, resolvemos produzir uma série de conteúdos que acreditamos ser de serviço comum.
Este primeiro artigo da série Trabalho: Futuro Presente é extraído do nosso e-book “Trabalho Remoto com Performance”, que trata de questões sobre as práticas de trabalho remoto, distribuído e flexível.
Definindo o Trabalho Remoto
O trabalho remoto não é uma novidade. Antes do Covid-19 e da necessidade forçada de trabalhar de maneira não presencial, grandes companhias, como Amazon e Dell, já identificavam o caminho sem volta de modelos de trabalho flexíveis e assíncronos. Na verdade, a prática é bastante antiga na comunidade de software. Xerox foi uma das primeiras a implementar, ainda no início dos anos 70.
Em 2017, o Gallup estimou que 43% dos norte-americanos empregados passavam, ao menos, parte do tempo realizando suas tarefas à distância. O acesso à mão de obra de outras regiões do país e do mundo, a maior produtividade e a evolução de tecnologias online – muitas vezes gratuitas – foram alguns dos fatores que contribuíram para essa tendência.
Hoje, as organizações que já possuíam hábitos remotos saem na frente. Em uma situação crítica, enfrentamos a necessidade de acelerar tendências e produzir fora dos limites de um escritório coletivo. Para não ficar pra trás, a primeira coisa que você deve fazer é desmistificar o conceito de trabalho remoto.
Trabalho Remoto não é:
- Necessariamente Home-office
- Férias antecipadas
- Redução da jornada
Trabalho Remoto é:
- Realizar atividades de trabalho fora do ambiente do escritório.
Oportunidades
Empresas que são familiares com o trabalho remoto têm maior ganho de produtividade, especialmente porque este amplia a concentração e a motivação dos colaboradores, além de economizar tempo de deslocamento.
Trabalhar longe de colegas e das distrações do escritório nos permite foco total para realizarmos tarefas complexas. Fora isso, o horário flexível permite utilizar os picos de performance ao invés de se adaptar ao relógio biológico médio.
Tendo canais claros e estabelecidos, há uma melhora qualitativa nas comunicações do dia a dia porque é necessário planejar e justificar cada ponto de contato. Isso torna nossas reuniões mais objetivas e eficazes. Por outro lado, a gestão remota exige que as reuniões de status aconteçam com mais regularidade, para que todos saibam o que está sendo feito. Essas rotinas muitas vezes são deixadas de lado no modelo de trabalho presencial.
A comunicação à distância requer um aumento nos registros de atividades, gerando histórico e facilitando a consolidação de aprendizados. A rotina de comunicar ou apresentar ideias estimula a capacidade de síntese e de transmitir informações de maneira clara.
Segundo o estudo “Building the Digital Workplace”, o trabalho digital ajuda 96% dos colaboradores a resolver problemas de forma mais criativa, 87% a oferecer melhores serviços de atendimento ao cliente e 90% a colaborar de forma mais eficiente. Pode parecer um contra-senso, mas a colaboração emerge da comunicação clara e da vulnerabilidade, e não da presença física no mesmo espaço.
Por fim, com um mercado cada vez mais conectado, é um grande diferencial competitivo poder aproveitar talentos de todo o mundo. Companhias que se comportam globalmente possuem ganhos em diversidade de habilidades e pensamentos, recrutando com maior qualidade, e aumentando o uso da inteligência coletiva.
Se a sua companhia vem sofrendo para implementar mudanças em direção à tão desejada Transformação (Organizacional, Digital, Cultural), o momento atual pode se revelar propício para revisar a cultura, a comunicação, aumentar a transparência e a eficiência.
Principais desafios do trabalho remoto
Mudanças são sempre difíceis do ponto de vista individual e organizacional. A maioria dos profissionais disponíveis no mercado ainda não possuem o skill para trabalhar remoto e, embora existam muitos benefícios associados à prática, é importante compreender os desafios e impactos gerados por trabalhar distante de seus colegas.
A sensação de isolamento é um deles. É comum se sentir distante do fluxo de informação normalmente associado ao convívio e é mais difícil para o colaborador absorver aspectos culturais da empresa.
Isso também pode afetar pessoalmente colaboradores, e este aspecto merece uma atenção especial para aqueles com papel de liderança. Gestores podem encontrar mais dificuldade em criar empatia com suas equipes e entender suas necessidades e bloqueios.
Com a mudança de ambiente, também corremos o risco de bagunçar a rotina e não desligar nunca.. Sem organizar horários, perde-se o espaço para atividades pessoais. Embora trabalhar mais seja frequentemente confundido com produzir mais, estudos comprovam que menos horas com mais foco trazem mais qualidade de entrega.
Trabalhar de forma distribuída demanda, ainda, um bom planejamento e execução de gestão do conhecimento, pois demanda mais registro e tem custos invisíveis (com laptop, banda de internet, bom fone, ferramentas digitais).