Se analisarmos todas as grandes mudanças industriais desde seu princípio – até mesmo a transformação do trabalho remoto -, vamos perceber um padrão: o grupo de pessoas que não se atualizava e aprendia a interagir com o novo modelo de trabalho acaba executando funções que, em geral, pagavam menos. Ao mesmo tempo, profissionais que abraçavam o desafio surgido das automações se viam em um ambiente de trabalho mais desafiador, criativo e que pagava melhor.
É o que pesquisadores estão chamando de “mudança técnica com viés de habilidade”, o que basicamente significa que cargos que incluem atividades estratégicas e pouco operacionais e repetitivas são justamente aqueles que melhor se beneficiam da ascensão de novas tecnologias. E com a IAGen não é diferente.
Mas há uma diferença básica entre as revoluções anteriores e a que estamos vivendo agora. Segundo a Harvard Business Review, trabalhadores full remotos tendem a enfrentar maiores riscos de automação de suas tarefas. Ou seja, se não forem requalificados, poderão simplesmente perder seus empregos.
Isso significa que a IAGen precisa chegar primeiro para eles
Já sabemos que o uso da inteligência artificial generativa aumenta significativamente a produtividade, e não é à toa que sua adoção está acelerando drasticamente. De fácil uso e com alta disponibilidade, ela opera principalmente frente a tarefas digitais repetitivas, que podem ser realizadas remotamente.
Preparar-se para essa mudança é necessariamente repensar em suas qualificações (seja enquanto freelancer, seja enquanto trabalhador remoto, seja enquanto empresa), visando desenvolver habilidades de gerenciamento e delegação. Ignorar isso é escolher perder vantagens na produtividade e optar por alienar-se enquanto força de trabalho humana. Ou seja, não vai dar certo.
A Harvard listou três forças que ativam esse novo cenário. Falaremos sobre elas agora:
Facilidade de uso
A facilidade para usar ferramentas de IAGen é premissa para que ela seja bem aceita. Basta olhar para o ChatGPT e enviar uma pergunta e, mesmo sem conhecimento de prompts, você consegue respostas bem satisfatórias.
A IAGen é como um recurso poderosíssimo, mas que poucas pessoas e empresas sabem como utilizar. É preciso ir além do que essas perguntas simplistas – a Microsoft, por exemplo, desenvolveu alguns recursos do Copilot e construiu o treinador de redação, que foi incorporado ao pacote Office. Imaginem o passo quando mais empresas entenderem o valor disso.
Mundo pós-Covid torna-se favorável à implementação da IA
Isso porque já houve uma centralização de tarefas digitais, o que, durante a pandemia, possibilitou que a maioria trabalhasse de casa. Enquanto naquela época presumia-se que essa adaptação demoraria quase um ano, na verdade la aconteceu 43 vezes mais rápido.
O resumo dessa ópera é que se você pode trabalhar remotamente o tempo todo, a geração AIGen também pode ser usada de forma lucrativa para ajudar em suas tarefas mais do que alguém que precisa comparecer pessoalmente.
Autonomia da geração de IAGen
Enquanto a IA que conhecemos tende a ser passiva (só fará algo se você solicitar), a verdade é que grandes nomes do mercado (como Google e OpenAI) estão entendendo como fornecer sistemas cada vez mais autônomos, e esperam resultados em até seis meses.
A promessa é que, em breve, você poderá delegar tarefas complexas a essas ferramentas e sistemas. Em retorno, receberá proatividade, inclusive com delegar a pequenas equipes de agentes como executar um trabalho.
Qualquer usuário de IA da geração terá que aprender efetivamente como gerenciar organizações automatizadas de agentes artificiais.
Antes de entrarmos em desespero, é preciso reforçar que a resposta para todas essas mudanças está na requalificação: empresa devem investir em treinamentos novos, enquanto freelancers devem fazer isso por conta própria.
Segundo Harvard, o que quer que você tenha feito antes, agora deve aprender a supervisionar um grupo de agentes de software altamente autônomos para fazer isso por você. Você pode presumir que não precisa se preocupar em motivar agentes e cuidar de sua carreira, mas você estaria apenas (por enquanto) meio certo.
A verdade é que, em breve, empresas que não conseguirem enfrentar esse desafio de requalificação não apenas perderão a verdadeira vantagem de produtividade da geração IA. Ao não prepará-las, elas também poderão alienar a própria força de trabalho humana que, pelo menos no futuro próximo, permanece no centro de sua vantagem competitiva.